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MAGALLANES - Patagonia Chile

  • Foto do escritor: Francesco Lena
    Francesco Lena
  • 22 de jun.
  • 4 min de leitura

Chegamos em 5 de Março de 2022, em um sábado, após uma viagem à lateral de boa parte da cordilheira dos Andes, vindo de Santiago. O aeroporto de Punta Arenas fica à beira mar, e é um dos poucos do mundo com três pistas que se cruzam em ângulos diferentes. A região é castigada por massas de ar antarticas, o que faz e que, mesmo com a infraestrutura diferenciada, os pilotos sejam desafiados a pousar com um bom tanto de vento través. Foi um pouso emocionante.


O mau tempo, ainda que só visto pela janelinha da aeronave pousada, nos assustou um pouco. Tudo na pista, incluindo caixas de salmão congelado, voava. Por um instante questionamos se seria uma boa ideia tentar a sorte em barracas com um tempo daqueles.

Biruta no aeroporto Presidente Carlos Ibáñez del Campo (PUQ)
Biruta no aeroporto Presidente Carlos Ibáñez del Campo (PUQ)

Punta Arenas é uma cidade interessante. É maior e mais movimentada do que pensávamos. Sua vida gira em torno do porto que, até 1914 com inauguração do Canal do Panamá, foi o mais importante na ligação entre o Atântico e o Pacifico. Hoje também há pontos de estração de óleo e gás, geridos pela estatal ENAP. O fluxo de pessoas vem do porto, com transatlânticos cargeiros chegando e partindo toda hora. Há muitos bares, um cassino e um complexo comercial em sua zona franca.

Monumento Circunnavegación
Monumento Circunnavegación

Na avenida Costanera, que cruza a cidade à beira mar, há grandes calçadas com mirantes e monumentos. Alguns food trucks e pequenos bares são opções para os turistas e locais. Boa parte das atividades dos que moram na cidade parece acontecer por ali. Há varias pessoas praticando esportes, passeando com seus cachorros ou mesmo lendo livros. Um ou dois quarteirões a dentro há mais opções de restaurante. Nos nossos dias de estadia em Punta Arenas repetimos dois favoritos principais: La Luna e Mesita Grande. 5 estrelas para ambos.

Restaurante La Luna. O Ceviche era fantástico.
Restaurante La Luna. O Ceviche era fantástico.

No dia seguinte, partimos para a Terra do Fogo. Cruzamos o Estreito de Magalhães em uma balsa comum. O dia estava ensolarado, com pouco vento, muito diferente do anterior. Ficamos refletindo sobre os naufrágios que, por mais de cinco décadas desde quando quatro embarcações lideradas por Fernando Magalhães cruzaram o percurso, em 1520, alimentaram histórias e lendas da região.

Balsa Pathagon.
Balsa Pathagon.

A terra do fogo é na verdade um arquipelago. Sua maior ilha, criativamente denominada Ilha Grande da Terra do Fogo, foi lar de diversos povos por milênios. Os mais prominientes, povos Selk'nam (ou Ona) e Yámana, são os responsáveis pelo nome que em um primeiro momento induz a pensarmos em uma ilha de atividades vulcânicas. Na verdade, o nome foi dado pelos navegadores da expedição de Magalhães após verem inúmeras fogueiras dos povos originários por sua costa. Punta Arenas, e sua vizinha capital chilena da Terra do Fogo, Porvenir, abrigam diversos monumentos e museus que retratam as terríveis histórias das ondas de genocídio e doenças trazidas pelos europeus à seus povos originais.

Porvenir e seus telhados coloridos.
Porvenir e seus telhados coloridos.

Seguimos até o extremo norte da ilha. Visitamos a Reserva Natural Pingüino Rey, uma iniciativa privada para proteger a biodiversidade costal da Bahía Inútil. Lá pudemos avistar colônias de pinguins rei a uma distancia segura e em abrigos projetados para mínima interação com seus membros.

Colônia de Pinguins Rei e Baia Inútil no fundo.
Colônia de Pinguins Rei e Baia Inútil no fundo.

O próximo dia foi de estrada. Percorremos um trecho da famosa Rota del Fim del Mundo em direção à Puerto Natales. Ao longo da estrada há varios mirantes para contemplação das planícies patagônicas. Pequenos vilarejos abandonados e embarcações corroídas criam cenários drámáticos. O destaque vai para a vilazinha de Puerto Harry e os restos da embarcação à vapor Amadeo (no caminho, mas visitado no dia anterior).

Embarcação Amadeo
Embarcação Amadeo

Punta Arenas está na latitude 53S, o que torna a região importante para comunicação satelital. É possível avistar alguns teleportos ao longo da estrada, logo após sair da cidade. Os destaques são os gateways Iridium, sueca KSAT e base AWS. Os radomes, as estruturas esféricas que protegem as antenas do tempo externo, se destacam na paisagem.

Bases terrestres da Agência Espacial Sueca (SSC).
Bases terrestres da Agência Espacial Sueca (SSC).

Chegando em Puerto Natales já cruzamos algumas pequenas montanhas. A planície infinita do sul ficou para trás. Alguns picos ainda já possuiam um pouco de neve. Não sei se de invernos anteriores ou recente. Mas de fato estava mais frio que a região de Punta Arenas.

Algum lugar na estrada de faixas laranja.
Algum lugar na estrada de faixas laranja.

Nos hospedamos em domos geodésicos ao pé do Cerro Dorotea. A infraestrutura local era bem simples, mas os domos eram excelentes. Bem aconchegantes e com uma decoração peculiar. Valeu a pena o investimento para as duas noites antes de trocarmos as camas por barracas.

Interior de um dos domos.
Interior de um dos domos.

Puerto Natales é notavelmente mais turistica que Punta Arenas. A cidade parece girar em torno disso. Há mais opções de bares e restaurantes. Todos que fomos eram bons, mas não superaram o La Luna e a Mesita Grande. Abastecemos em um posto Petrobrás, onde o litro de gasolina custou praticamente o mesmo que em Campinas - ao lado da refinaria de Paulínia.


No dia livre visitamos o parque Monumento Natural Cueva del Milodon. A formação geológica, de mais de 20 mil anos, surpreende. Movimentos dos glaciares e posterior erosão por um lago que se formou no local criaram grutas com aberturas enormes. Porém o principal motivo da regiçao ter ficado famosa foi a descoberta de fósseis da preguiça gigante (Milodon) e de outros animais pré-históricos como o tigre dente de sabre. A região é protegida pelo CONAF chileno.

Cueva del Medio
Cueva del Medio

Os domos, fora da cidade, ficam em uma localização privilegiada para observação do céu noturno. A poluição luminosa era mínima. Um pouco de núvens finas e umidade que condensava nas lentes como orvalho impossibilitou a captura de fotos para stacking, mas no frame único abaixo é possível ver um braço da via láctea e a Grande Núvem de Magalhães - uma visão um tanto especial na região de mesmo nome.

O céu em Puerto Natales.
O céu em Puerto Natales.

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